Resenha | ANJO MECÂNICO, por Cassandra Clare
Ficha Técnica
Peças Infernais Volume 1
[Universo dos Caçadores de Sombras]
Gênero: Young Adult/ Baixa Fantasia
Publicação: 2012
Editora: Record/ Galera
426 páginas
Sinopse
Através de Tessa Gray, uma jovem órfã de 16 anos, somos apresentados aos Caçadores das Sombras da Inglaterra vitoriana. Como seus representantes do século XXI, eles também combatem os elementos rebeldes do submundo ― vampiros e lobisomens. E são eles que vão ajudar Tessa quando esta, ao sair de Nova York em busca do irmão, seu único parente vivo, é raptada pelas irmãs Black. Mas Tessa não é uma senhorinha indefesa. Dona do estranho poder de se transformar em qualquer um apenas tocando em algum pertence dessa pessoa, é um objeto valioso para o submundo. Ao lado do temperamental e misterioso Will e de seu melhor amigo James, cuja frágil beleza esconde um terrível segredo, Tessa vai aprender a usar seu poder e ganhar um lugar ao lado deles na batalha entre as trevas e a luz.
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Resenha
Com a narrativa em terceira pessoa, nessa prequela de Instrumentos Mortais (IM) temos Tessa Gray, que logo a princípio descobre que sua vida anterior era apenas uma fantasia, e junto aos Caçadores de Sombras vai precisar se adaptar a uma nova e sombria realidade. Ela é uma boa protagonista, inicialmente ingênua e estudiosa, sendo mudada pela jornada que é obrigada a encarar e pelas pessoas que encontra ao longo do caminho. Os mistérios sobre sua origem, seus poderes – que ela desconhecia – e sua família e o interesse que ela desperta em submundanos me deixaram bastante atenta aos acontecimentos que a envolvem.
Ao contrário de Jace Wayland, com seu cabelo dourado e brilhante, bonito e sarcástico, temos aqui Will Herondale, que embora seja um moreno com profundos olhos azuis, e também bonito e sarcástico, é um personagem bem mais tridimensional. Toda essa beleza padrãozinho se esbanjando a princípio parece descrever dois personagens “farinha do mesmo saco”, mas o desenvolvimento de Will – que se tonou um dos meus crushs literários – vai muito mais longe, o que tornou a história muito mais atrativa para mim, já que me segurei na leitura da primeira trilogia de IM única e exclusivamente para acompanhar o desenvolvimento de Simon, cujo desenvolvimento me delongo mais em suas respectivas resenhas. Ao longo da saga, quando via Will desabar, senti bastante empatia e vontade de dar uns conselhos para ele superar os problemas; no caso de Jace, me dava nos nervos e vontade de falar “cara, menos, muito menos, por favor”.
Jem Carstairs, melhor amigo de Will, é um gentleman, com um uma gentileza e sensibilidade sempre presente, e um charme extra devido ao cenário vitoriano – o qual ironicamente não costuma ser o meu favorito –, embora não seja profundamente desenvolvido nesse volume.
[...] um olhar de hesitação passou pelo rosto de Jem antes de falar. Mas por que hesitar?, pensou ela. Poderia apenas mentir, ou simplesmente desviar o assunto, como Will teria feito. Mas Jem, ela instintivamente sentiu, não mentiria. [...]
Temos ainda alguns personagens secundários de maior destaque, como o casal Charlotte e Henry Branwell – ela sobrecarregada pelas responsabilidades e ele um inventor bastante distraído –, além de Jessamine Lovelace, uma caçadora que realmente não está feliz com sua herança genética de guerreira. Acho que os vilões poderiam ter maior desenvolvimento, o que sinto foi o maior pecado aqui, já que eles têm muito a ser explorado, tanto o grande Magistrado quanto outros menores, como as Irmãs Sombrias.
Embora o universo criado por Cassandra Clare seja incrivelmente fabuloso do ponto de vista de criatividade e coerência na mitologia – algo incomum em livros tão populares – a série IM não foi exatamente uma revolução em termos de descoberta literária para mim. Essa leitura deixou apenas para mim a clareza de que existe todo um nicho de livros Young Adult (YA) e que eu teria muitas novas opções de entretenimento.
Peças Infernais, porém, sendo a segunda saga YA de fantasia que eu li, me mostrou que para além do casal clichê, é possível se aprofundar, me mostrando uma história um pouco mais madura e que há todo um mundo novo e universos que posso explorar com a leitura de sagas que não são apenas “bobagem adolescente” – me desculpe se você está nessa faixa etária, mas muitos pseudo cults adoram cuspir bobagem sobre o que costumam desprezar por puro preconceito e acabam contaminando pobres leitores desavisados.
Curiosidades
A história da trilogia é inspirada em "Um Conto de Duas Cidades", de Charles Dickens
Visão Geral
Em Suma
Empolgante. Divertido. Escrita Cativante | 9,1
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