Resenha | Todos os beijos que roubei - Parte I, por Raiza Varella

Capa do livro resenhado

Ficha Técnica

Príncipes do Diamante Volume 2
Gênero: New Adult/ Comédia
Publicação: 2020
Literatura Brasileira
988 páginas

Sinopse

Ela
Ela o chamou de “Fodedor de Secretárias”.
Nós ainda não nos conhecemos, mas por causa de uma conversa que escutei no ônibus, sei tudo a respeito dele e de sua mania de brincar com os sentimentos das a quem contrata. Ele acabou de despedir a última.
E eu? Eu preciso muito, muito de um emprego.
Não me orgulho do que fiz, mas acreditei que aquele encontro inesperado havia sido um presente dos deuses e me aproveitando do que escutei consegui uma entrevista para ocupar o cargo dela.

Naquela manhã entrei na joalheria da sua família com apenas uma certeza em mente. Eu jamais cairia no jogo dele.

Ele
Ela me escutou falando ao telefone e presumiu que eu fosse um estrangeiro italiano.
Ela ficou presa dentro de um elevador escuro comigo e me pediu um beijo acreditando que eu não entendia o que dizia. Eu a beijei.
Foi o melhor beijo da minha vida.
Eu ainda não sabia para qual vaga a ragazza seria entrevistada, mas quando descobri e a escutei afirmando com tanto afinco que não cairia no “meu jogo” sem saber que já era tarde demais para isso eu aceitei o desafio. Eu a quis.
Mas foi por pouco tempo.
No instante em que as luzes acenderam e eu finalmente pude ver seu rosto a única coisa que quis verdadeiramente foi nunca tê-la beijado.
Saí daquele elevador determinado a não contratar Isabela Sayori Sato.
Eu só não contava com um pequeno detalhe... chegar a minha sala e descobrir que eu não tinha voz naquela entrevista.

Bem-vindos à sede da Joalheria Benite’s, meu nome é Romeo, e essa é a história triste que certa ragazza encontrou atrás da porta que arrombou para fugir da própria vida.
É a minha história.
É a nossa história.
Tudo nela é triste.

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Resenha

Nesse volume vemos a história de Romeo e Isabela, onde mais uma vez, por obra de um "destino" chamado Seu Joaquim, os caminhos de duas pessoas aparentemente incompatíveis acabam se cruzando. Como já tivemos um aperitivo na história de Átila, Romeo é um homem casca grossa que adora aprontar das suas e não tem o menor filtro, e às vezes é bastante grosso. O que não sabíamos até então, é que ele também pode ser um doce de pessoa e que por mais que aja com a delicadeza de um rinoceronte, ama profunda e verdadeiramente sua família.

Sendo um suicida, Romeo é também bastante autodestrutivo, e tem um passado que o corrói dia após dia, tornando seu sofrimento interminável. A autora não usou a palavra depressão em nenhum momento, mas claramente isso é o que ele tem, pois vive em uma areia movediça de sentimentos torturantes e confusos; embora ele sofra, não deixa de ter seus anseios. É um depressivo totalmente crível, nada daquilo que as pessoas esperam; ele não fica prostrado na cama nem chora o tempo todo, mas isso não diminui a intensidade de sua angústia.

[...] embora eu nunca tenha me deparado com nada tão idiota antes, seu altruísmo me toca. Ele me mostra o quanto sou um merda. [...]

Isabela é uma jovem cheia de sonhos interrompidos graças a alguns eventos muito pesados em seu passado recente; ela se encanta rapidamente por Romeo, e seu jeito nada tímido faz as coisas entre os dois andarem à velocidade da luz. Por motivos misteriosos, quando Romeo descobre sua contratação na empresa da família, faz de tudo para que a moça se demita.

Gostei de a autora ter escrito uma personagem japonesa com uma personalidade bem diferente daquele estereótipo de mocinha séria, submissa e quietinha que é atribuído às orientais. Is é uma cabritinha muito querida, e seu senso de honra e o amor que tem pela família a tornam muito especial.

[...] sou pega de surpresa quando se inclina e toma minha boca de assalto. Mas que ladrão. [...]

No primeiro terço do livro, há um grande arraca-rabo deles dois, uma verdadeira queda de braços onde Romeo insiste em fazê-la se afastar. Quando eles finalmente se aproximam para valer, vemos um lado tão príncipe dele que tudo fica cada vez mais fofo. Nessa edição, há um foco bem maior no casal, e menor participação da família e o amado casal do volume um. Mesmo assim, temos notícias do que tem acontecido a Roberta e Átila, afinal o “felizes para sempre” é coisas de contos de fadas, e a vida deles continua, o que gostei bastante de ver, por mais que fosse em pequenas doses.

Esse príncipe do diamante só quer alguém que o ame por quem ele é. Bom, errado Romeo não está! Mas às vezes ele acaba sendo um tanto cri cri demais, pois mede cada coisa das mulheres com quem sai. Quando não consegue pôr defeitos em Isabela, só percebe que não dá para voltar atrás quando já está totalmente envolvido.

Mas Romeo também é muito irredutível em algumas opiniões, e às vezes acaba sendo insensível com aqueles que o amam, e não se toca que, ao se perder na própria dor, que todos em volta também estão propícios a se machucarem, inclusive por consequência das atitudes dele. De qualquer modo, gostei muito das suas camadas, e por mais divertido que seja esse volume da série, tem bem mais nuances sombrias que se contrapõem e equilibram bastante a história.

Comentários Com Spoiler ⚠️

Deixei para colocar aqui o quanto fiquei irritada/ chateada com a atitude de Romeo. Como só nos momentos finais ele se comportou daquela forma inadmissível, falar antes poderia estragar a experiência da leitura. Pois bem: o segredo dele terá que ser algo profundamente aterrador para que eu consiga voltar a gostar do personagem, porque ele definitivamente saiu de dez (ou nove e meio, depois daquela semana em que ignorou Is) a zero no meu conceito.

Sinceramente? Acho que se ele demonstrasse favorável a um aborto ou se terminasse dignamente com ela — não que ela fosse aceitar desistir do pretenso akachan, mas ele poderia expressar a opinião —, eu teria ficado com menos ódio. Fiquei fervida na raiva com aquela carta! A garota já tinha passado por abandono mais de uma vez e estava em um estado que não a permite se dar ao luxo de se estressar, daí o maldito vai e faz aquilo? Mil vezes Aff. Olha, eu não sou louca (acho), e sei que são personagens ficcionais, mas em toda leitura que me apego eu me envolvo a ponto de ignorar esse detalhe, ok?

A contradição das atitudes de Romeu só me deixa muito curiosa sobre esse tal passado dele, pois o homem estava no desespero mais profundo de Isabela morrer como a mãe dela, mas ignorou que uma gravidez de alto risco pode ser tão grave quanto uma doença terminal, se as coisas desandarem, e apronta uma daquelas! O abandono dele foi muito cruel, e não há dinheiro nesse mundo que substitua responsabilidade emocional.

[...] Amor não sobrevive de mágoa. Amor só sobrevive de amor [...]

Não acho que ele — ou qualquer homem, aliás — seja obrigado a assumir emocionalmente um filho; o abandono paterno é um tipo de "aborto masculino", que às vezes realmente não passa de irresponsabilidade ou egoísmo, mas prefiro não adentrar muito sobre essas questões aqui. O fato é que ele deveria ter apoiado Is porque a moça estava correndo risco de vida! Que tipo de amor é esse, que só chega até a página dois? Enfim, só mesmo aguardando a parte dois para saber se vou continuar com ódio de Romeo ou se ele vai crescer e adquirir um tantinho de hombridade.

Visão Geral

Plot 7
Personagens 10
Impacto Pessoal 8
Final 8

Em Suma

Divertido. Emocionante. Apaixonante | 8,3

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