Resenha | O PESCADOR DE SEREIAS, por Julianna Costa

Capa do livro resenhado

Ficha Técnica

Livro Único
Gênero: Romance Erótico/ Fantasia
Literatura Brasileira
861 páginas

Sinopse

Simon levava uma vida cinza e medíocre. Suas únicas preocupações eram concluir seu curso de medicina e se manter longe das guerras que assolavam o reino. O bilhete que recebeu de seu pai, às vésperas do Exame da sua Ordem, dizia apenas que ele estava em apuros e precisava de ajuda imediata. Simon viaja de volta para o seu vilarejo pobre no litoral de um dos cantos mais esquecidos do reino o mais rápido que pode. E o que ele encontra, escondida dentro de um grande aquário lacrado, é algo que vai mudar tudo para sempre. E, talvez, possa trazer um pouco de cor para sua vida.

Compre e Leia


Resenha

Pelo ponto de vista em primeira pessoa de Simon Noort — dentre mais alguns outros aqui e ali —, conhecemos esse mundo com magia e seres como sereias, bruxos e afins. A história se passa em uma espécie de road trip em um universo com características medievais, e embarcamos com Simon, Coral e seus companheiros de viagem em uma longa jornada iniciada em Critea.

Nós acompanhamos como a sereia ilumina a vida de Noort, que até então era totalmente triste e sem propósito. Na sua mais pura inocência dos males do nosso mundo, ela mostra que nem todo coração está corrompido, e mesmo sem querer, ele acaba se encantando por ela.

Para facilitar o convívio, Noort tenta inserir Coral em seu contexto social e explicar as nuances de seu mundo; ela, por sua vez, tem uma pureza que a impede de entender a lógica presente no lado sujo da natureza humana, que inclui os preconceitos e regras inúteis da sociedade, tornando a missão dele ainda mais complicada, pois algumas atitudes de fato não tem explicação e nem mesmo ele consegue encontrar a coerência disso, pois afinal são conceitos pré-concebidos.

[...] – Escute os absurdos que diz! O homem não deixa a mulher sair de casa ou trabalhar ou trazer dinheiro para casa e depois esse homem quer direitos diferentes porque é ele que sai de casa e trabalha e traz dinheiro. E se a mulher resolve que quer sair de casa e coçar, é ela quem está errada? [...] – E aí vocês dizem que o homem pode ter prazer e a mulher não, e isso faz eles acreditarem que podem pegar o que quiserem porque a sua função é pegar, enquanto a da mulher é resistir. Vocês roubam das mulheres o direito de decidir, e depois roubam delas a sua resistência quando dizem ‘não’. [...]”

“[...] Havia uma sabedoria antiga em Coral que era fácil ignorar por causa da inépcia da comunicação. Ela errava as palavras, os verbos, as construções. Mas sua compreensão era infinita. Seu conhecimento era profundo e transcendia a superficialidade de palavras [...]

Os personagens secundários também têm muito peso na qualidade da história; desde Sulie, amiga de Noort, até Hyern, o contramestre mal-humorado, todos têm alguma interferência na narrativa principal e juntos pintam o quadro belíssimo que resulta dessa mescla de aventura, fantasia e, não podia deixar de ser, momentos sensuais entre o divertido casal principal. Apesar de que, mesmo com cenas +18, esse não é um livro que tem como suporte principal as cenas de sexo, e como é de praxe na maioria das obras de Julianna Costa, há cenas de todos os tipos e mesmo se houvesse uma censura, resultaria em um ótimo livro de romance (e nesse caso, com fantasia).

Há também diferentes vilões: o terrível sequestrador de sereias e a bruxa Itty, que por sua vez já foi uma vítima e agora não passa de uma femista psicopata e ressentida que trata todos os homens com intensa crueldade, sem sequer cogitar que há aqueles bons e ruins, forçando a mesma atitude em suas companheiras, que obedecem cegamente a ela.

[...] Você ensina as mulheres a se protegerem quando deveria ensinar os homens a não atacar. Homens como Simon, que erram querendo acertar. E acertariam se lhes fosse dito como. [...]

Um livro cheio de tramas e reviravoltas, surpresas e aventuras; praticamente uma matrioska de surpresas, plots e subplots. Tá, eu tenho um fraco por fantasias, mas esse realmente chamou minha atenção. E a Coral? Personagem mais adoravelmente inocente e que dá vontade de abraçar, de tão fofinha. Tive momentos para rir e me emocionar, me surpreender e no final, fiquei com gostinho de quero mais.

[...] Antes de Coral, meu mundo era desagradável. Apenas um tom de preto e um de branco. Depois de Coral, meu mundo ganhou um espectro infinito de cores, todas elas, de algum modo, sempre se derretendo em lilás. [...]

Para quem curte livros breves e histórias que vão mais direto ao ponto, talvez seja esse seja um pouco cansativo. Como não sofro desse mal, eu só agradeci, mesmo! O universo criado foi muito interessante e bem explorado, com certeza valeu muito a pena a leitura. Lamentavelmente – já que me deixa morta de curiosidade –, a autora fez um estilo à la Sarah J. Maas e deixou algumas pontas soltas no final, e por tudo que temos de conteúdo e personagens, deu para imaginar pelo menos dois spin-offs, principalmente sobre os dragões e a União de Lehallit e seus cristais. Torcendo aqui para a autora escrever mais livros nesse estilo.

Visão Geral

Plot 9
Personagens 9
Impacto Pessoal 8,5
Final 8

Em Suma

Apaixonante. Divertido. Emocionante. | 8,6

Compre e Leia

Comentários

Postagens mais visitadas