Resenha | É ASSIM QUE ACABA, por Colleen Hoover

Capa do livro resenhado

Ficha Técnica

Gênero: Romance Contemporâneo/ Drama
Publicação: 2018
Nome original:It ends with us
Editora: Record/ Galera
368 páginas

Sinopse

[...] Lily se vê no meio de um relacionamento turbulento que não é o que ela esperava. Mas será que ela conseguirá enxergar isso, por mais doloroso que seja? É assim que acaba é uma narrativa poderosa sobre a força necessária para fazer as escolhas certas nas situações mais difíceis. Considerada a obra mais pessoal de Hoover, o livro aborda sem medo alguns tabus da sociedade para explorar a complexidade das relações tóxicas, e como o amor e o abuso muitas vezes coexistem em uma confusão de sentimentos.

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Resenha

Com uma narrativa em primeira pessoa que se alterna entre o período atual e flashbacks do seu passado, Lily é a personagem central dessa obra, que nos permite entender a confusão de sentimentos englobadas em um relacionamento abusivo e todas as suas complexidades.

Caso já tenha percebido, não costumo cortar muito da sinopse oficial do livro, mas o fiz dessa vez porque sinto que ela entrega demais; acho que a conexão com Lily é maior se soubermos menos detalhes da história, afinal na nossa vida não temos “sinopses” para nos precaver, não é mesmo? Então, aconselho você lê-lo e conhecer os personagens e suas nuances juntamente com a protagonista, isso facilitará muito a entender toda a confusão de sentimentos em que ela fica.

Esse livro se tornou muito importante para mim, porque embora eu tenha lido muitas outras obras com temáticas semelhantes, chegando até mesmo a me emocionar em alguns casos, nunca me conectei tanto a ponto de isso influenciar em minha vida pessoal. Com a história de Lily, entendi, ao observar seu par, que como humanos temos diversas camadas, e por isso, não existe aquilo de vilão e mocinho; na vida real, podemos ser o maior problema na vida de outra pessoa, e ainda assim conseguirmos justificar nossas atitudes desprezíveis. Foi entendendo ele que passei a repensar muitos valores e preconceitos, me fazendo procurar muito sobre o assunto.

Preconceituosamente, pessoas com pouca consciência da necessidade de equidade gênero costumam culpabilizar em algum nível as mulheres que se mantém em relacionamentos tóxicos/ abusivos. Isso não acontece apenas com pessoas ativamente machistas, mas também com muitas que acreditam estar desconstruídas e bem informadas, sendo um tipo de manifestação bastante sutil de machismo estrutural.

Acho que minha empatia por Lily se deu principalmente por ela não ser uma mocinha ingênua; ela também não se encontrava em uma situação em que a escapatória seria mais óbvia. Por esse motivo pequeno, torna tudo muito mais crível, afinal no nosso cotidiano esses relacionamentos dificilmente seriam tão frequentes caso quem oprime se mostrasse uma pessoa cruel em todo os momentos.

Infelizmente, nossa sociedade é injusta com suas mulheres e meninas, que já nascem com o "fardo" do feminino, e são sempre apontadas como responsáveis em circunstâncias em que deveriam ser acolhidas. Monstros nem sempre são aqueles que atacam no escuro; na vida real, eles podem conseguir sua confiança e seu mais profundo afeto, chegando ao ponto de você se questionar se suas convicções estão corretas, e a falta de apoio também fora da relação só piora essa amálgama de dores e amor.

É preciso entender também que por vezes, o “monstro” em questão tem muitas partes boas, mas isso jamais será o suficiente para suplantar o mal que ele causa. Ele pode até ser uma boa pessoa em sua essência, mas usar isso para amenizar o mal feito só o ajuda a romper mais limites e assim talvez permitindo que ele chegue a níveis irrecuperáveis, em um ciclo misógino e doentio.

Por fim, preciso dizer que vejo esse livro praticamente como um trabalho de utilidade pública. É o tipo que deveria ser distribuído em escolas, porque Colleen Hoover conseguiu transpassar verdade com a sensibilidade que poucos conseguiriam. Devo dizer também que para o final ser totalmente crível para mim, eu opto por ignorar a cena do Epílogo, que considero quase como um deus ex machina que dificilmente acontece em histórias reais; no mais, valeu a pena cada página.

Curiosidades

  • A mãe de Colleen Hoover passou por uma situação semelhante à de Lily, inspirando até mesmo algumas cenas, e talvez por isso podemos sentir tanta verdade nessa história;
  • Existe uma nota pessoal da autora no final do livro, em que ela descreve o processo para a construção dessa obra.

Visão Geral

Plot 10
Personagens 10
Impacto Pessoal 10
Final * 10

* Dez para o final desconsiderando o epílogo; com o epílogo, eu daria uns 9 (muito bom mas não tãão perfeito).

Em Suma

Emocionante. Esclarecedor. Necessário | 10

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